“I Am a Killer” (2018-2022): Pela voz dos assassinos

Eles são 26 reclusos condenados à pena de morte e estas são as histórias das suas sentenças, numa docuseries Netflix.

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I Am a Killer” é o nome da série documental que nos dá a conhecer as mais variadas histórias de alguns presidiários que estão no corredor da morte em várias prisões nos Estados Unidos da América. A produção é da Netflix, com o envolvimento de nomes como Ned Parker (“Formula 1: Drive To Survive“) ou Danny Tipping (“A Killer Uncaged“), e em 26 episódios trazem-nos 26 histórias reais diferentes de reclusos condenados à pena de morte. É uma análise extensa de personalidade, ações, consequências e reflexões sobre o passado e o futuro.

Da história real à análise de uma vida condenada

Em cada episódio somos apresentados a diferentes pessoas que estão (ou estiveram) neste momento aprisionados/as no corredor da morte nas mais variadas prisões nos estados dos Estados Unidos da América. Da Flórida à Pensilvânia, os investigadores responsáveis pelas entrevistas desde documentário percorreram vários estabelecimentos correcionais para nos entregar relatos contados na primeira pessoa.

Para além dos acontecimentos criminosos que levaram ao encarceramento destes indivíduos contados em primeira mão, a produção oferece também o ponto de vista de quem os conheceu pré-crime, pós-crime e outros eventuais envolvidos.

Nesta docuseries, não existe só o fascínio pelo crime real mas também a análise humana que é feita a cada uma destas pessoas. As questões que lhes são colocadas direccionam muitas vezes o relato para o impacto emocional das suas memórias, antes e após as suas condenações. Para além disso, desenvolvem também os sentimentos que surgem ao estarem a relatar as histórias a público, alguns pela primeira vez. “I Am a Killer” acaba por se tornar num confessionário importante para estes reclusos, partindo dessa perspectiva.

Há também algo importantíssimo nesta docuserie: os investigadores e produtores fizeram questão de investigar sempre o historial familiar, social, económico de cada um destes indivíduos. Facilmente percebemos que são, na sua grande maioria, pessoas com um crescimento conturbado em dificuldades e vítimas de abuso físico e/ou mental, ajudando o espectador a desconstruir a mente de um assassino.

Realidade versus encenação

“I Am a Killer” é acima de tudo feita da contribuição dos envolvidos nos crimes investigados, os próprios reclusos, contudo também se complementa com encenações possíveis dos crimes baseadas nos relatos. Estas encenações são feitas por actores profissionais e visam entregar-nos, aos espectadores, o impacto visual da atrocidade cometida e relatada nestas entrevistas.

Para além destes relatos contados pelos próprios, é esta componente visual que permite interligar o que nos é dito ao que aconteceu no momento do crime que os condenou à pena de morte. Se de forma justa ou não, deixamos o juízo de facto para o espectador. Contudo, garantimos que irá certamente surgir em alguns dos episódios desta série documental.

Entre os planos aproximados nas entrevistas e as cenas sombrias de encenação, “I Am a Killer” não é para os mais fracos de coração. Em suma, é uma docuseries para todos os que têm interesse em conhecer melhor a psique humana especialmente quando colocada em situações de pressão e stress intensos. Torna-se, consequentemente, numa das apostas mais interessantes dos últimos tempos.

“I Am a Killer” tem três temporadas e está disponível na Netflix.