No passado dia 15 de Outubro fomos convidados pelos Canais TVCINE a ver, em exclusivo, a antestreia da série “Gaslit”, que chega hoje no pequeno ecrã português no canal TVCine Emotion.
Baseada no famoso podcast “Slow Burn”, “Gaslit” conta a história do escândalo de Watergate, começando em Janeiro de 1972 – cinco meses antes da famosa invasão dos escritórios da DNC (Comité Nacional de Democratas), com a administração do presidente Nixon envolvida naquele que seria um dos maiores escândalos políticos da época.
O elenco é, precisamente, a primeira pedra preciosa que chama a atenção. Como não ver uma série protagonizada por Sean Penn e Julia Roberts? Depois, a história dá que falar. Se já se viram inúmeros documentários ou filmes sobre o caso Watergate, “Gaslit” traz uma perspectiva diferente.
Julia Roberts é Martha Mitchel, a esposa de John Mitchell – protagonizado por Sean Penn -, e o elenco não podia ter sido mais escolhido a dedo. Martha Mitchel, de Julia Roberts, é o fósforo que instiga a primeira das intrigas e, bem ao motto da loucura misturada com comédia, introduz-nos à problemática política da liderança de Richard Nixon, o presidente dos Estados Unidos da América na altura. Roberts fez de Mitchell, neste primeiro episódio, uma mulher de garra, confiante, mas ao mesmo tempo frágil e recheada de inseguranças, atribuindo-lhe uma personalidade complexa e precisamente o que faz com que “Gaslit” seja mais do que só um grupo de homens no mundo político a mexer cordéis. Aliás, é fácil ter saudades da Mitchell de Julia Roberts quando ela não está em cena.
Numa envolvência meio pausada, quase que a antecipar a tempestade que se viria a dar cinco meses depois, o primeiro episódio foca-se inteiramente na introdução das várias personagens que serão peças-chave para a série. De um louco Gordon Liddy, a um deslocado James McCord, a uma independente Mo – todos estes actores e actrizes que constroem o elenco de “Gaslit” são tão dedicados às suas personagens que é difícil para o espectador não se sentir parte da loucura que se começa a prever em Washington D.C.
Se há algo que imediatamente se destaca neste primeiro episódio da série é o investimento cuidado e personalizado em cada caracterização de cada personagem, aos cenários que envolvem as situações em que se encontram as personagens da série. Do guarda-roupa, às maquilhagens, às localizações – estamos perante aquilo que se pode chamar de televisão de prestígio. E por falar em maquilhagem, podemos falar da caracterização incrível de Sean Penn?
Não só dos actores é feito “Gaslit”, e apesar de este elenco ser a cola que torna toda a série especial, o argumento não lhe fica atrás. A história do caso Watergate já foi explorada várias vezes em televisão ou em filme, ou até em livros, mas, desta vez, e com a ajuda da inspiração vinda do podcast “Slow Burn”, o foco da história é a movimentação de Martha Mitchell – que acabou por ficar conhecida como a Garganta Funda, por tanto falar sem medos quando ninguém queria que ela revelasse segredos e intrigas. Para além do ângulo diferente que a série traz, são imensos os momentos de comédia e sarcasmo que nos passam pela vista durante o episódio – o que faz com que o apego às personagens e a necessidade de ver crescer e borbulhar este escândalo se torne cada vez maior.
“Gaslit” é, na realidade, uma história de uma mulher que se dá pelo nome de Martha Mitchell e que, no meio do escândalo de Watergate, consegue manter-se fiel aos seus valores. Este primeiro episódio promete dar à série uma complexa abordagem de um momento obscuro da história, misturada com comédia e sarcasmo que fazem dela um drama fácil de ver. Vale a pena ver? Vale.
A série “Gaslit” está a ser transmitida no canal TVCine Emotion a partir de hoje, dia 22 de Novembro.