Ao terceiro dia da Comic Con Portugal, foi a presença de Zachary Levi que movimentou o público para o evento. O actor, que veio a terras lusas promover o seu trabalho no filme “Shazam: Fury of the Gods”, teve a oportunidade de partilhar algumas curiosidades, não só do seu novo trabalho, mas também sobre séries como “Chuck” e “Marvelous Mrs. Maisel” ou projectos de voice acting em que esteve envolvido, como “Tangled” ou “Alvin and the Chipmunks”.
O universo DC, “Chuck” e o regresso da NerdHQ
Num dia pautado pela sua boa disposição, Zachary Levi demonstrou uma capacidade quase sobre-humana de partilhar muita informação condensada em curtos espaços de tempo. Durante o decorrer da conferência de imprensa não faltaram questões sobre o seu papel em “Shazam”, sobre o final ou o possível e desejado futuro da série “Chuck” e ainda sobre a sua jornada na saúde mental, que o actor não se inibe de partilhar.
«Como pessoa espiritual que sou, a certa altura tive que pensar ‘Isto não é mais meu, não posso controlar’», revela o actor sobre as mudanças que ocorreram na liderança executiva da DC/Warner, agora com Peter Safran e James Gunn ao comando, e que culminaram num atraso da data de lançamento do seu novo projecto “Shazam: Fury of the Gods”. «Eu acho que é espectacular para todas as pessoas [envolvidas] na DC. O Peter [Safran] é um empresário fantástico e diplomático e vai ficar com esse papel na parceria. E o James [Gunn] vai ser o criativo, cientista louco», acrescenta.
Fazer parte da família e do universo DC é um previlégio para Levi, ainda para mais agora que tem dois amigos ao leme da organização. Cresceu um nerd assumidamente viciado em banda desenhada e sempre soube que queria ser actor. Ter a oportunidade de poder dar vida, hoje em dia, ao super-herói Shazam! é um sonho tornado realidade, segundo confessa. «É muito divertido. Muito divertido mesmo. E eu estou muito feliz por poder pertencer a este universo. A minha esperança é que com o James [Gunn] e o Peter [Safran] e todos os planos que eles tenham para o futuro da DC, um dia destes possa fazer parte também de um filme com uma equipa [de super heróis DC].»
“Chuck” foi a série que trouxe Zachary Levi para a ribalta, especialmente no mundo da televisão. Uma história de um nerd que trabalha numa loja de computadores e que dá por si envolvido com segredos de estado do governo americano. «Quando eu li o guião de ‘Chuck’, adorei. Vi-me a mim próprio [na personagem] e, honestamente, acho que nem estava a representar nessa série. Tinha 27 anos, e era um actor nerd que adorava jogos e banda desenhada», confessa Levi entre risos e boa disposição, não escondendo a sua vontade de voltar a trazer a história de Chuck Bartowski para os ecrãs. «Já o disse antes, e continuarei a dizer: não me importo de quão envelhecido eu fique, eu vou fazer um filme [de] ‘Chuck’ qualquer dia.»
Antes de ser Shazam, Zachary Levi tinha um projecto pessoal activo que envolvia dinamizar painéis na Comic Con de San Diego, vendendo bilhetes de entrada que revertiam na totalidade para instituições de caridade. NerdHQ é o nome do projecto, que hoje em dia é uma organização sem fins lucrativos e para a qual já tem alguns planos. Mostrando alguma surpresa pela questão, imediatamente partilhou que estão a trabalhar com um novo parceiro e que, se tudo correr bem, irão regressar com mais eventos. «A ideia é voltar a fazer a NerdHQ, mas estender a vários eventos. Talvez até eventos como este, ou a Comic Con de Nova Iorque, ou o festival SXSW, ou qualquer outro evento que junte pessoas interessantes deste mundo criativo que queiram sentar-se e ter conversas profundas, mais íntimas e não moderadas.»
Uma jornada importante na saúde mental
Zachary Levi não esconde ter sentido necessidade de fazer terapia. A sua saúde mental e essa temática são importantes para si, o que acabou por culminar num livro que escreveu, publicado em Junho de 2022: “Radical Love: Learning to Accept Yourself and Others”. Confessa que passou por um mau momento na sua vida, e que, em consequência, considerou o suicídio. Felizmente, pegou em si e decidiu iniciar tratamento e terapia, que garante tê-lo ajudado bastante a entender a raiz dos seus traumas pessoais. «Se pensares nisso, todos os problemas que tu tens no mundo, todos os problemas que toda a gente tem no mundo, todos os problemas que todos os países têm no mundo, se fores até à raiz [da palavra problema], todos esses problemas, incluindo a pobreza, a guerra, a ganância, tudo isso está assente no coração ou na mente quebrada de alguém», sugere Levi, que acredita de coração que se pudéssemos curar todos os corações partidos, e todas as mentes quebradas, não teríamos qualquer problema negativo no mundo.
A sua jornada na saúde mental é contínua e o actor partilha também que acredita que o influencia bastante como actor. «Estou mesmo agradecido por estar nesta jornada. E acho que quanto mais eu sarar [as minhas feridas emocionais], mais consigo chegar a diferentes espaços mentais [na representação], obscuros ou não, o que for preciso».
Zachary Levi encheu a Comic Con Portugal de boa energia, dispendendo de todo o tempo possível para estar com os seus fãs, conversar sobre os papéis que fez, entreter uma plateia e até matar saudades de moderar um painel. O actor acabou a moderar o seu próprio painel, tomando as rédeas do microfone e de todos os fãs que lhe quiseram colocar questões. Ainda teve tempo para cantar e encantar a plateia com uma rendição musical da personagem Eugene Fitzherbert, do filme “Tangled”, que tinha presentes fãs dedicados a que o actor apelidou de «os fãs mais loucos».
Risos, gargalhadas, e boa disposição: assim entregou Zachary Levi um dia intenso na Comic Con Portugal.