Geração Millennial chega às noites da RTP em dose dupla com “Emília” e “Capitães do Açúcar”

As novas séries têm por trás equipas de jovens criadores que trazem ao pequeno ecrã as suas inquietações pessoais, espelhando a realidade de tantos outros que se poderão rever nestas narrativas.

  • Post author:Beatriz Caetano
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MARIA E MEYER

“Emília” e “Capitães do Açúcar” são as duas novas séries portuguesas que se apresentam hoje ao público na RTP. As apostas têm por trás equipas de jovens criadores que trazem ao pequeno ecrã as suas inquietações pessoais, espelhando a realidade de tantos outros que se poderão rever nestas narrativas. As produções serão emitidas em sequência, com “Emília” a estrear às 22h30, e “Capitães do Açúcar” logo de seguida na programação linear. Porém, e num estilo já conhecido de quem navega o mundo do streaming, é possível ver todos os episódios de seguida na RTP Play.

“Emília”

De seu nome “Emília”, esta série é da autoria de Filipa Amaro, que já tinha assinado a série da RTP Lab “Frágil”. A história acompanha uma jovem que sonha em ser a melhor bailarina do mundo, mas a pressão da era digital e das redes sociais leva a melhor de si. Contudo, a certo ponto decide enfrentar as inseguranças e arriscar uma audição na companhia de dança onde trabalha Rosa, a quem Emília segue como um ídolo. Protagonizada por Beatriz Maia, esta série conta no elenco com nomes como Ivo Canelas, Rita Loureiro, Catarina Rebelo e Igor Regalla.

A criadora de “Emília” conta em entrevista ao TV Contraluz que a escolha da dança contemporânea como a roldana que faz girar o enredo se prendeu com o facto de achar «encantador contar histórias através do movimento», embora essa arte em particular nunca tenha feito propriamente parte da sua vida. «Acho muito interessante conseguirmos pôr as personagens a dizer coisas com o corpo que não conseguem dizer com a voz», diz Filipa Amaro.

Para tal contou com a ajuda de uma amiga de infância coreógrafa que indicou os passos correctos a serem percorridos pelas actrizes escolhidas para os papéis principais: Beatriz Maia e Catarina Rebelo. Para estas, os ensaios foram fulcrais na fase seguinte, a das gravações. Foi nesse período antes de se ouvir “Acção!” no plateau que a dupla de artistas ganhou o à vontade necessário para que os seus corpos dessem vida, de forma total, a Emília e Rosa, sem medos.

«Não queria bailarinas que soubessem fazer acting. Queria excelentes actrizes que estivessem à vontade com o corpo e são elas as duas», afirma a também realizadora. E assim nascem duas protagonistas que, ao que tudo indica numa primeira impressão, serão grandes rivais da companhia de dança. Contudo, desengane-se quem achar que estamos perante mais uma dessas histórias de competição desmesurada. Na verdade, “Emília” é sobre duas mulheres que, «nas diferenças, encontram bastantes semelhanças», revela Catarina Rebelo, que dá vida a Rosa. «Acabam por perceber que cada uma delas demonstra as coisas de forma diferente. Ambas precisavam uma da outra para mostrar o outro lado.»

Assim, os espectadores podem esperar encontrar nesta aposta aquilo que tantos já terão enfrentado na vida: a coragem para perseguir sonhos e conquistá-los, ultrapassando barreiras e obstáculos internos, vencendo demónios do passado e nunca desistir de levantar cada vez que se cai. «O impacto que [a série] teve em mim é que sei que não sou perfeita, que nunca o serei, e só o facto de ter a coragem de tentar já me vai fazer sentir melhor. Se há alguma coisa para retirar é que não podemos deixar de lutar por aquilo que queremos», afirma Beatriz Maia, a Emília que dá o nome à série.

“Capitães do Açúcar”

Ainda que numa abordagem diferente, também “Capitães do Açúcar” fala de superação e de nos encontrarmos a nós próprios. Realizada por Ricardo Leite, a série tem este como autor ao lado de Tiago Correia e Tiago Sarmento, que assume ainda um dos papéis principais. Numa analogia ao livro “Capitães da Areia”, de Jorge Amado, “Capitães do Açúcar” segue um grupo de jovens que reflecte a geração dos seus criadores e concede um «olhar íntimo sobre os Millennials, a precariedade, os sonhos, a crise na habitação», deixa antever Tiago Sarmento no evento de apresentação das duas produções.

Tendo como ponto de partida uma substância psicotrópica fictícia chamada de açúcar, a série promete levar os espectadores numa viagem pela auto-descoberta, pela liberdade artística, identitária, sexual e financeira. No elenco estão também presentes Diana Sousa Lara, Vicente Wallenstein, Igor Regalla, entre outros.

«O grupo dos Capitães do Açúcar percebe que criou esta substância psicotrópica com um fim de ser um manifesto artístico para irem a festas, para se divertirem, para pintarem, para fazerem performances, mas percebem que em prol de serem felizes tiveram de furar um sistema e isso significa cometer um crime», explica Tiago Sarmento.

No fundo, os estupefacientes entram nesta história apenas como um pretexto para tudo o resto que se quer contar. «A criação daquela droga, que não existe, permite-nos sonhar um pouco com o que ela pode dar, com as percepções que pode abrir. É uma droga que é uma revelação muito mais do que recreativa. Há um lado mais surrealista à volta dessa droga com a qual nos permitimos divertir um pouco», salienta Tiago Correia, um dos responsáveis pelo argumento.

Jovens estudantes que se vêem obrigados a viver com colegas e são confrontados com a sua identidade sexual, com sonhos reprimidos e a vontade de ir mais além, mas a impossibilidade de o conseguirem apenas porque a sua situação financeira não lhes permite. É esta a passadeira, comum a tantos jovens portugueses, que se estende em “Capitães do Açúcar”.

Igor Regalla em dose dupla na RTP

Outro factor comum a “Emília” e “Capitães do Açúcar” é o actor Igor Regalla que na primeira assume o papel de Gustavo, um bailarino que tenta pela 6ª vez entrar na companhia de dança, e na segunda o de Cruz, um jovem longe de tudo o que lhe é familiar e em busca pelo seu eu. Ainda que totais opostos, esta personagens tocam-se em diversos pontos e também em situações reais pelas quais o actor que lhes dá vida passou.

«Entrei na Escola Superior de Teatro de Cascais e sinto que saí outra pessoa. Acabei por me encontrar de alguma forma. Saí de lá um pouco mais livre. Vejo isso em comum com o Gustavo», diz Igor Regalla ao TV Contraluz. À semelhança de Emília, o actor inicialmente estudou informática por gostar de jogos de computador. Contudo, e eventualmente, decidiu arriscar. «Já tive vitórias a nível pessoal que vou levar para a cova e que sei que são absurdamente gratificantes.»

“Capitães do Açúcar”, por sua vez, «foi uma viagem incrível em todos os sentidos», afirma. «Acabei por me rever muito no facto de ter de ir para uma escola longe de tudo, da família, e procurar a identidade.» Neste caso, o foco é a pintura. Cruz é uma personagem que, «no expoente da sua segurança tem tanta insegurança». A forma como se apresenta ao mundo é apenas um escudo e é no grupo nuclear da história que encontra um porto seguro para ser verdadeiro. Assim, o consumo de droga em “Capitães do Açúcar” acaba por ser «um meio para justificar os fins destas pessoas que estão desestruturadas, perdidas e que se querem encontrar».

Beatriz Maia e Filipa Amaro de ''Emília''
Beatriz Maia e Filipa Amaro de ''Emília''
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capitães do açúcar
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''Capitães do Açúcar''
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capitães do açúcar
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