Corria o ano de 2021 quando foi anunciado que Gina Carano não iria regressar a “The Mandalorian”. Tudo se deveu a comentários feitos pela actriz no Instagram onde, entre outros, escreveu «a maior parte das pessoas não entende que para chegar ao ponto em que os soldados nazis conseguiam facilmente agrupar milhares de judeus, primeiro o governo fez com que os seus próprios vizinhos os odiassem simplesmente por serem judeus. Onde está a diferença entre isso e odiar alguém pela ideologia política que defende?”.
Este foi o factor decisivo para a Lucasfilm na altura, já que esta era uma de muitas publicações da antiga lutadora de MMA onde assumia uma posição vista como extremista numa fase de grande divisão política em território norte-americano. Gina Carano ridicularizou ainda, nas redes sociais, as medidas governamentais relacionadas com a utilização de máscara durante a pandemia da Covid-19, refere o The Hollywood Reporter.
Agora, a actriz vai processar a Disney e a Lucasfilm por discriminação e rescisão indevida de contrato. Numa queixa que deu entrada esta terça-feira no tribunal federal da Califórnia, Gina Carano alega que foi despedida por dar voz às suas opiniões nas redes sociais e espera que uma ordem judicial decrete que a Lucasfilm a volte a integrar no elenco de “The Mandalorian”.
«A verdade é que fui perseguida de todos os lados, porque não me enquadrava na linha de pensamento aceitável para a narrativa da época. As minhas palavras foram constantemente deturpadas para me demonizar e desumanizar enquanto extremista de direita. Foi uma campanha de bullying, feita com o objectivo de me silenciar e destruir e fazer de mim um exemplo», escreve no X (antigo Twitter) a Cara Dune da série da Disney que tem como protagonista Pedro Pascal.
Elon Musk entra em defesa de Gina Carano
Outra personagem entra em jogo neste caso, já que Elon Musk, actual dono do X, se propõe a financiar a acção judicial, indo ao encontro da sua afirmação de que ajudará todos os utilizadores que dizem ter sido discriminados devido à sua actuação na rede social que agora detém.
Em comunicado, Joe Benarroch, responsável pela operação administrativa do X, disse: «Como forma de demonstrar o compromisso do X para com a liberdade de expressão, estamos orgulhosos por prestar apoio financeiro à acção judicial de Gina Carano, empoderando-a para que reivindique os seus direitos de liberdade de expressão no X e a capacidade de trabalhar sem sofrer de bullying, assédio ou discriminação.»
Na mesma publicação já referida, a artista questiona ainda porque é que foi permitido aos seus colegas da série falar livremente, «sem assédio, cursos de reeducação ou terminação», enquanto ela não teve a mesma hipótese de exercer o seu direito de liberdade de expressão.
«Adorava recomeçar onde fiquei e continuar o meu percurso de criar e participar em storytelling, que é a minha grande paixão e aquilo pelo qual batalhei. Tem sido difícil seguir em frente com todas as mentiras e rótulos associados a mim, suportados e encorajados por uma das empresas de entretenimento mais poderosas do mundo. Estou grata por alguém ter vindo em minha defesa de forma tão vincada e espero limpar o meu nome.»