Por vezes, é preciso ter punho de ferro e alma de cavaleiro para se enveredar pela carreira de actor. Finn Jones, responsável por dar vida a Danny Rand em “Iron Fist” e Ser Loras Tyrell em “Game of Thrones”, foi um dos convidados da Comic Con Portugal, tendo estado presente no evento nos dias 23 e 24 de Março.
Foi a sua performance enquanto Ser Loras Tyrell que catapultou o actor para as bocas do mundo, mas a sua carreira na televisão começa um pouco antes. Entre 2009 e 2010 teve alguns papéis como convidado para produções como a telenovela britânica “Hollyoaks” ou a série “The Sarah Jane Adventures”, do universo de “Doctor Who”.
As várias facetas de Finn Jones
Em 2011 teria então finalmente um lugar numa das mais aclamadas produções do século XXI, “Game of Thrones”, com uma personagem que o acompanhou até 2016. «Com qualquer trabalho que faças, aprendes muito sobre ti como performer», oferece o actor. «Cada personagem a que dês vida desbloqueia uma parte de ti, que depois acabas por levar contigo [para o resto da tua vida].»
Se em primeira instância não parece, a verdade é que Finn Jones, na sua carreira, explorou diferentes personagens que lhe trouxeram um currículo versátil. «Adoro personagens complexas e gosto imenso de trabalhar personagens com uma personalidade mais obscura, ou mais complicada», revela.
Finn Jones considera-se uma pessoa com os pés muito assentes na terra e acredita que isso lhe permite navegar em «aspectos mais negros da psique humana», como os apelida. É, de qualquer forma, um trabalho activo que exerce para não se deixar consumir pela personalidade destas personagens, sendo fulcral para o actor «entender o balanço» para não se perder entre quem é e quem protagoniza. A música, confessa, é um dos pilares na sua vida para se reencontrar depois de trabalhar uma personagem mais sombria.
Já são 15 anos que Finn Jones leva em trabalho de televisão, mas nem por isso a experiência torna o processo todo mais simples. «A coisa mais difícil, como actor, num processo de casting, é o facto de teres pelo menos duas audições numa semana e teres que sentir paixão e apego de igual forma por todos os guiões que leias.»
Tolerância, resiliência e perseverança são algumas das palavras que Finn Jones utiliza para descrever o mindset necessário para conseguir vingar na profissão que escolheu para si. «Tens de garantir que todos os ‘nãos’ que recebes não destroem o teu espírito.»
De cavaleiro das flores ao punho de ferro
Dar vida a Ser Loras Tyrell trouxe-lhe notoriedade, mas foi em “Iron Fist”, no papel de Danny Rand, que Finn Jones encontrou uma personagem especial para o seu coração. «Lembro-me que foi algo que simplesmente aconteceu», avança o actor, sobre a forma como chegou ao papel deste punho de ferro. «Tinha acabado de deixar a produção de ‘Game of Thrones’ após seis anos e estava à procura de algo que pudesse explorar de forma extensiva e que potenciasse a minha carreira.»
À altura em que Finn vestiu a pele de Danny Rand, o Universo Cinemático Marvel (MCU) estava ainda a criar a sua estrutura nas produções cinematográficas e televisivas. «Só quando comecei a filmar é que percebi a magnitude de trabalhar para o universo Marvel», sublinha o actor, referindo ainda que o facto de trabalhar numa produção que juntava a co-produção Marvel Studios com a Netflix lhe suscitou interesse quando estava a avaliar o papel no qual eventualmente trabalharia.
Durante duas temporadas, Finn Jones envergou a pele do super-herói de Nova Iorque que regressa à Terra para cumprir o seu destino. Filmar em Nova Iorque levou o actor a mudar-se para a cidade que nunca dorme, referindo que tem «imensas memórias especiais» dos locais onde gravou. «Foi quase como fazer teatro de rua», refere sobre as cenas filmadas na cidade. «É muito especial poder ter esta versão fantasiada [da cidade] na cabeça, que acabo por transportar para o mundo real enquanto passeio.»
Com cenas de luta, efeitos especiais e locais de filmagem icónicos, “Iron Fist” estabeleceu a sua base de fãs na plataforma de streaming, mas é a construção de Danny Rand que Finn Jones recorda com mais carinho. «O que adoro sobre a personagem é que mesmo quanto confrontado com a incerteza ou a desilusão, continua a conseguir encontrar optimismo e esperança para a sua vida», sublinha . «Isso foi algo que adoptei para mim próprio, que retirei dele.»
Do sucesso da produção de “Iron Fist”, aliada ao lançamento de mais quatro séries do universo Marvel na plataforma Netflix (“Jessica Jones”, “Luke Cage” e “Daredevil”), nasceu “The Defenders” – a produção que juntava os quatro heróis numa equipa imbatível. Se no ecrã se encontrava química entre os protagonistas destas produções, fora do ecrã a realidade não era diferente.
«Quando a série chegou, penso que ficámos todos um pouco aliviados por partilhar o protagonismo, já que nos permitiu aproveitar muito mais o processo das gravações», desvenda Finn Jones. Admite que durante as gravações da série, os quatro protagonistas se divertiam imenso, o que acabou por criar aquilo que afirma ser «uma boa dinâmica» para o grupo.
Para já, o regresso de “Iron Fist” não está nos planos da Marvel Studios para o Universo Cinemático Marvel, mas Jones acredita que, de alguma forma, a personagem vai voltar aos ecrãs. «Não sei se será comigo ao leme, mas eu gostava muito de continuar a dar vida a Danny Rand», confessa. «A mitologia do punho de ferro transcende gerações, move-se de pessoa para pessoa, por isso acho que seria muito interessante voltar a ver este poder no MCU.»
