Thomas Vinterberg estreia-se em televisão com “Families Like Ours”, um «drama existencial» que não quer ser um alerta ambiental

O cineasta dinamarquês questiona quem nos tornamos ou o que acontece à nossa empatia perante uma crise.

  • Post author:Beatriz Caetano
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"Families Like Ours" | CANAIS TVCINE

O que farias se o teu país fosse totalmente evacuado devido às alterações climáticas? É esta a premissa da série dinamarquesa “Families Like Ours”, que chega hoje a Portugal através dos Canais TVCine. Criada por Thomas Vinterberg, realizador do filme “Another Round”, premiado com um Óscar, esta aposta não quer ser um alerta climático ou uma sucessão de acções catastróficas, mas sim mostrar o que é ser-se humano em situações extremas.

Há sete anos em desenvolvimento, “Families Like Ours” encontra na jovem Laura (Amaryllis April August) a protagonista. Prestes a terminar o secundário e com a vida pela frente, a personagem dá por si perante um dilema: deixar tudo o que conhece para se mudar com o pai e o seu namorado para Paris ou deixar tudo o que conhece para ir com a mãe para Bucareste, sem certezas do que poderá lá encontrar?

Thomas Vinterberg conta-nos, durante o Leffest 2024, que o ponto de partida foi a inquietação de pensar o que sua própria filha faria numa situação destas, já que, à semelhança do que acontece na série, também ele e a mãe da sua filha iriam para lados opostos. Além disso, o argumentista «queria dar esperança à história e a forma mais fácil de tentar fazê-lo era através dos jovens, deixando-os empunhar a chama da esperança».

Nesta que é a primeira série do cineasta dinamarquês, o espectador vai encontrar sete episódios que se traduzem num «drama existencial». De uma ideia «futurista louca», em meia dúzia de anos “Families Like Ours” passou a ser «intemporal» e o foco são as fragilidades humanas. Thomas Vinterberg questiona quem nos tornamos ou o que acontece à nossa empatia perante uma crise. Vendemos a nossa casa, mesmo sabendo que quem a compra ficará sem nada? Provavelmente.

Filmada em grande parte em Praga, com um financiamento por minuto igual ao que o realizador está habituado a trabalhar nos seus filmes e longe de ter sido pensada para o streaming, “Families Like Ours” surge como um convite para reflectir que este, de facto, poderia ser qualquer uma das famílias que vê a série. Sem qualquer vertente política ou moral, o projecto olha apenas para oito pessoas e as suas escolhas a cada passo que dão num mundo que lhes cerra a conta-gotas um futuro prestes a afogar-se.

“Families Like Ours” pode ser vista semanalmente no TVCine Edition, às 22h10, durante as próximas semanas.