Estreou no passado dia 4 de Outubro a 6ª temporada da série “The Good Doctor” no AXN – que segue o dia-a-dia do Dr. Shaun Murphy, um jovem cirurgião no espectro do autismo, com Síndrome de Savant.
Finda uma 5ª temporada num espectacular cliffhanger que misturou felicidade e horror, é neste primeiro episódio da nova temporada que vemos a equipa do Hospital St. Bonaventure a sobreviver a um sequestro no hospital, ao mesmo tempo que tenta salvar a vida de duas pessoas colegas de trabalho.
O explorar das emoções neste primeiro episódio é talvez o maior fio condutor. O espectador é colocado em constante stress, induzido pelo cenário de reféns, mas ao mesmo tempo a esperança é-lhe entregue pela forma como os adorados Shaun, Lea e restante equipa do hospital lidam com toda a situação. Shaun é forçado a reviver um momento de conflito interno quando se depara com a vida de uma pessoa colega e amiga nas mãos, que ele tem a capacidade de salvar. É transportado de volta para o seu traumático passado e é nele que tem que encontrar força para conseguir salvar a vida desta pessoa.
Numa produção que já conta com cinco temporadas, nem sempre é fácil manter viva a vontade de ver mais, mas é algo que “The Good Doctor” sempre fez muito bem. A criação da sensação de urgência, os planos aproximados e a sequência de cenas desconexas que culminam numa conclusão satisfatória é a receita de ouro desta série duradoura.
A prestação de Freddie Highmore é exímia, mais uma vez. O actor, que já foi várias vezes aclamado pela sua capacidade de transmitir a personagem de Shaun Murphy sem entrar no campo ofensivo, tem mais uma vez um episódio centrado na sua personagem onde consegue claramente construir a evolução deste jovem médico quando deparado com uma situação de urgência.
Apesar de as séries médicas muitas vezes não serem cientificamente correctas, qualquer erro que tenha sido cometido do ponto de vista factual é secundário ao que esta nova temporada promete. Um Shaun mais evoluído emocionalmente, capaz de começar a lidar com os traumas do seu passado, e capaz de aceitar o amor da sua companheira Lea como força de suporte. Para além disso, este intrépido cirurgião tem tido cada vez mais momentos de decisão autónoma nos casos que lhe são apresentados, o que acaba por ajudar o espectador a perceber que Shaun está cada vez mais capaz de ser um médico independente.
É esta forma subtil e calorosa que a série nos traz, de momentos de conflito e crescimento tal qual destruição criadora, que nos faz querer continuar a ver. Não só Shaun, mas também todos os restantes que o rodeiam vão tendo pequenos momentos de crescimento e preparação para os desafios que se possam avizinhar durante as próximas semanas. Se há algo onde “The Good Doctor” vence, é na capacidade de fazer o espectador apaixonar-se por cada um destes indivíduos de formas diferentes, e é muito dessa receita de emoções que vemos neste primeiro episódio.
Nos 40 minutos que se propuseram a ser uma conclusão dos acontecimentos do final da 5ª temporada, é nas entrelinhas que o espectador encontra o mote para o novo lote de episódios que aí vem.
A 6ª temporada de “The Good Doctor” será transmitida todas as terças-feiras à noite, no AXN.