Numa era de verdadeiro revivalismo, os anos 80 saltaram até ao século XXI com o relançamento de “Willow”, filme que se transformou em série no ano passado pela mão da Lucasfilm. Uma vez que o original contou com George Lucas no papel de produtor, o mundo de fantasia repleto de criaturas mágicas mantém-se em casa, mas desta vez com mais tempo para contar as suas histórias.
Lançada em Novembro do ano passado, através do serviço de streaming Disney+, “Willow” acompanha as aventuras de Willow Ufgood, feiticeiro que embarca numa missão de resgate ao lado de um grupo de heróis inadaptados. A série acontece muitos anos depois da viagem original do filme de 1988, mas o actor que dá vida a Willow mantém-se: Warwick Davis, agora com 52 anos, é o protagonista desta produção com apenas oito episódios – pelo menos, para já.
Na história, as peripécias decorrem num mundo repleto de fadas e trolls, mas, na vida real, as cenas foram filmadas no País de Gales, que revelou ser o cenário perfeito para a viagem dos heróis. Porquê? «Qual é o melhor local para evocarmos alguma da nostalgia do filme original?» A pergunta é deixada, em jeito de resposta, por Roopesh Parekh, produtor executivo de “Willow”, em declarações à Variety.
Lynwen Brennan, vice-presidente executiva da Lucasfilm, acrescenta: «Tudo começa sempre pelos requisitos criativos e para esta série em particular precisávamos de um local que transmitisse uma sensação de magia e uma sensação de ‘outro mundo’.» De acordo com a responsável, citada pela mesma publicação, no País de Gales é possível encontrar todas essas sensações: «Não existe outro sítio assim.»
Aliás, esta não é a primeira produção a optar pelo País de Gale para as gravações, talvez pelos mesmos motivos. A Bat Cave de Batman em “The Dark Knight Rises”, por exemplo, foi filmada neste país, mas também as séries “Da Vinci’s Demons”, “Doctor Who”, “Sherlock” e “Sex Education” passaram por aqui.
No caso de “Willow”, os oito episódios foram gravados a partir dos Dragon Studions, em Bridgend, mas os actores percorreram um total de 32 locais em diferentes pontos do país (desde praias a lagos, passando por montanhas, florestas e castelos), todos a uma distância máxima de cerca de duas horas dos estúdios.
Roopesh Parekh explica que queriam que a série se destacasse e se separasse de outros franchisings como “Star Wars” ou “Indiana Jones”, grandes sucessos pelos quais a Lucasfilm é conhecida. «Queríamos garantir que fazíamos algo que fosse igualmente atractivo, que tivesse o coração e o humor do storytelling, mas que também fosse épico», explica o produtor. E, para isso, contribuem cenários de cortar a respiração e que, preferencialmente, não sejam já conhecidos do púbico. Até porque, como a história é uma viagem, é preciso percorrer diferentes locais, com diferentes características e que sejam sempre novos.
Um desses locais é Morlais Quarry, precisamente onde a série começa. Aqui encontramos a casa de Willonw, cuja morada é a aldeia fictícia de Nelwyn. Segundo Roopesh Parekh, para estas cenas queriam uma paisagem que parecesse ser uma espécie de fronteira final do nosso mundo, aquilo que separa o mundo real daquele de fantasia para o qual a série transporta os espectadores.
Além da multiplicidade e riqueza de paisagens, o País de Gales foi escolhido para filmar esta produção também pelo talento. «Não consigo pensar em assim tantos sítios onde podemos ter esta variedade de localizações, óptimo espaço de estúdio e talento», resume Lynwen Brennan. «Fomos capazes de aproveitar o talento local e de fazer crescer também algum talento lá. Muitos caminhos apontavam para o País de Gales», acrescenta.
A todos estes aspectos positivos junta-se também o apoio do Creative Wales, organismo governamental que contribuiu com fundos canalizados para a contratação de 25 estagiários por um período de pelo menos seis meses. O objectivo é deixar um legado no País de Gales, garantindo que a comunidade audiovisual crescerá após “Willow”.
Roopesh Parekh explica que, graças a este apoio, muitas pessoas que tradicionalmente não teriam a oportunidadde de trabalhar com cinema e televisão puderam abrir a porta dos bastidores e «ver como a magia é criada». A verdade é que a maior fatia da equipa por detrás de “Willow” era do País de Gales: dos 335 membros a tempo inteiro, 206 eram galeses.
E regressarão as personagens de “Willow” ao País de Gales? O Disney+ ainda não se pronunciou sobre uma possível segunda temporada, mas Roopesh Parekh garante que todos estão prontos para essa hipótese. «Não sei o que vai acontecer, mas mantenho os dedos cruzados.»