“Santiago”, da OPTO, quer ser mais do que uma série com religião à mistura

«É uma ambivalência interessante. As pessoas ficam ligadas às personagens, mas também a Portugal», salienta Diogo Brito, um dos criadores e escritores da série, na Comic Con Portugal.

  • Post author:Beatriz Caetano
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Da esquerda para a direita: João Cachola, José Pimentão, Ivo Canelas, Leonor Vasconcelos, Inês Braga, Diogo Brito e César Mourão na Comic Con Portugal 2022

Já podem ser vistos na OPTO os oito episódios que compõem a série portuguesa “Santiago”. Criada por César Mourão, Diogo Brito e Inês Braga, esta aposta ficcional acompanha uma família no seu percurso pelo Caminho de Santiago português, assim como um leque de outras personagens estrangeiras, cujas histórias se interligam mais e mais com o passar dos capítulos.

Surgida de uma ideia para outro projecto que estava em cima da mesa, a “Santiago” acabou por resultar num produto que em nada tinha a ver com o planeado. Havia personagens a fazer o caminho, sim, mas não existia um serial killer nem toda a aura que acaba por compor aquilo que os espectadores podem agora ver na plataforma de streaming da SIC. Os criadores revelam, no painel dedicado à série durante o primeiro dia da Comic Con Portugal 2022, que de existirem duas personagens a fazer este caminho até terem uma família central e um assassino à mistura não foi difícil.

E como «uma ideia não é absolutamente nada se não tiver uma máquina por trás», como afirma César Mourão, “Santiago” apoia-se em mais do que uma premissa, fazendo uso da sua casa, a OPTO, dos actores, dos décors, da edição e de todos os passos que são precisos dar para lançar no mercado uma aposta deste género.

O objectivo, mais do que contar uma história com religião à mistura, era dar origem a algo com o qual o espectador em casa se pudesse relacionar, criar empatia com as personagens e também com os locais, dando-lhe a possibilidade de descobrir cidades e recantos do país. «É uma ambivalência interessante. As pessoas ficam ligadas às personagens, mas também a Portugal», salienta Diogo Brito, um dos criadores e escritores de “Santiago”.

O factor assassino em série

Quando se pensa no Caminho de Santiago, um assassino em série será, possivelmente, a última coisa que passa pela cabeça. Para Inês Braga, a quem coube escrever os primórdios da série, este foi o maior desafio: incorporar um elemento tão distinto e distanciado daquilo que “Santiago” acaba por ter como base. Isso e conseguir manter o mistério, a dúvida e o suspense ao longo de oito episódios até ao derradeiro momento em que tudo é revelado. Contudo, é precisamente isso que faz desta aposta um thriller.

«Nunca se sabe quem vai ser a próxima vítima. Não sabemos quem matou nem quem vai morrer. Não sabemos se as vítimas poderão ser o assassino. É como se fosse um puzzle.» E esse quebra-cabeças constrói-se com elementos-chave, do qual fazem parte o elenco escolhido a dedo pelos responsáveis pela criação. Ivo Canelas, Leonor Vasconcelos, José Pimentão e João Cachola são quatro desses exemplos, que também marcaram presença no painel.

Em “Santiago” não é só um caminho literal que se percorre. Cada um dos intervenientes tem à sua frente uma jornada própria que se enrola, desenrola e nunca se desvenda por completo, até porque na realidade não há certezas. Ivo Canelas salienta que trabalhar esse jogo que se faz ao longo da vida – «descobrir e definir quem somos» – foi um ponto muito positivo na série, já que «a resposta não é clara e não tem de ser».

Da religião ao espiritualismo – uma jornada de globalização

Em entrevista ao TV Contraluz, César Mourão e Diogo Brito aprofundam o processo de desenvolvimento de “Santiago”, que, estando enquadrada no contexto católico, abrange outras temáticas e chega aos pequenos ecrãs com vários propósitos, que ultrapassam o do entretenimento.

Acompanha a conversa na íntegra em baixo.