Pediram-me que escrevesse um artigo. Mas hoje quero apenas pedir coragem a este meio!

Coragem, ao nosso audiovisual para continuar a galgar esse terreno trazido pelos canais de streaming e poder assim levar bem alto o nome dessa indústria.

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Matamba Joaquim - Actor, argumentista e membro fundador do Teatro GRIOT

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Matamba Joaquim | HERBERTO SMITH

Quero começar este texto a realçar a Coragem e a mestria dos técnicos todos do audiovisual nacional. Super heróis sem capas nem trajes especiais. Normalmente resolvem qualquer problema de calça jeans ou calções ou saias e uma t-shirt ou blusas simples. São esses os equipamentos “Normais” destes super-heróis. Faltou referir os bonés e os óculos escuros, claro! Parabéns pela coragem e pelo saber. Hoje quando alguém vem de fora para trabalhar em Portugal, já sabe que pode vir descansado. Eles andam aí! Tinham que ganhar mais, mas é só a minha opinião.

Coragem, às produtoras e aos realizadores para arriscarem cada vez mais. Se há uma coisa benéfica com a chegada das plataformas de streaming é a oportunidade de haver mais trabalho para todos, isso é inegável. Uns trabalham mais outros menos, é assim a nossa vida enquanto actores. Mas há uma clara falta de coragem ou vontade na hora de mudarmos o protagonismo. E essa opinião não é contra os colegas “protagonistas” que bem ou mal fazem o seu trabalho ou aquilo que lhes é pedido. É contra a mentalidade dentro do próprio meio que tem que perceber que para continuarmos competitivos com o que se faz lá fora, e mesmo para atrair novos espectadores cá dentro, que precisa mudar. Precisa fazer o click e perceber que outros corpos, outras cores, outras formas podem sim ter lugar de protagonismo no nosso cinema e na nossa televisão. Nunca foi falta de talentos, mas sim de querer.

Coragem, para perceber que Portugal hoje é um país diferente daquele que foi antes do 25 de Abril.

Coragem, aos amigos realizadores e produtores que, quando estão no deserto, fazem planos e criam a falsa ilusão de que quando a travessia terminar podem dar-nos protagonismo nos seus respectivos projectos, mas só que não. Normalmente desaparecem quando os financiadores os favorecem. Quem ler pode perguntar-se porquê a insistência em ser protagonista, eu respondo, porque não?

Coragem, também às minorias que não devem parar de tentar e sobretudo de sonhar. É falsa a ideia que andamos a competir uns com os outros.

Coragem, ao nosso audiovisual para continuar a galgar esse terreno trazido pelos canais de streaming e poder assim levar bem alto o nome dessa indústria.

Coragem, também para os críticos de cinema que só olham numa direcção, tenham coragem de olhar o quadro todo, é lindo!

Eu sou actor e fundador do Teatro Griot!