Sci-fi e odes aos anos 80: “Astro-Mano” aterra com estrondo na TV portuguesa

Nao há pequeno ecrã que chegue para a explosão que "Astro-Mano", da autoria de Filipe Santos e Pedro Ferreira, traz à TV portuguesa.

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RTP LAB

Um jovem solitário, um alien, uma cidade. Assim se apresenta “Astro-Mano”, o novo projecto RTP Lab que se arrisca no universo da ficção científica, do fantástico e quiçá do absurdo.

Numa forma de ode ao cinema dos anos 80 – época marcada pelas viagens de Marty McFly, o carinho de “E.T.” e o imponente império de “Star Wars” – “Astro-Mano” traz-nos a história alucinante de Pedro, um jovem que aparenta estar abaixo da média em tudo na vida, que um dia tem um encontro fulminante com um extraterrestre.

Fulminante, sim, já que a chegada de Astro, este ser que vem de outro planeta, à Terra é recheada de efeitos visuais impetuosos conseguindo criar o impacto visual necessário com um resultado que faz o espectador esquecer-se de que não está a ver uma produção Netflix.

Aquele que se apresenta como um episódio de ‘boas-vindas’ à amizade entre Pedro e Astro já traz consigo um tempero especial que deixa antever e ansiar pelos próximos 5 episódios que compõem a série. Há easter-eggs da cultura cinematográfica fantástica das décadas de 70/80/90, há uma banda sonora a combinar e há uma constante corrente de comédia que permitem ao espectador manter-se colado ao ecrã sem pensar muito no assunto.

É sem muita complexidade no guião, mas acima de tudo com muita piada, que se escreve a o dia-a-dia de Pedro e as suas relações com as restantes personagens; do dono do Café do Tio Zé, ao perfeito Fábio, à platónica Leonor – como se fosse mesmo um filme de adolescentes. Ouve-se, no subconsciente, uma “Teenage Dirtbag” a querer caracterizar esta vibe de Pedro e da sua vida mundana – que com a chegada de Astro ameaça virar do avesso.

Se as referências visuais não fossem suficientes para convencer qualquer jovem adulto cuja adolescência é marcada por esta década de progressão cinematográfica, vem de lá um argumento e um conjunto de diálogos que faz o espectador sentir-se no conforto das épicas personagens que ainda hoje fazem parte do imaginário dos fãs deste mundo fantástico.

É também a opção e o formato de realização de “Astro-Mano” que continuam a escrever os versos deste poema visual de cultura pop – já que é impossível não sentir aquele pensamento esquivo que imediatamente se faz ouvir num “Ah! Isto faz-me lembrar o estilo do filme ‘The Mask’”.

Não se espera de “Astro-Mano” o desenvolvimento emocional que existe num “Doctor Who” – já que estamos na onda da fantasia e do sci-fi -, ou na construção de universo que existe num “Star Trek” ou num “Star Wars”, mas não faz mal. Não é para isso que Astro veio à Terra.

Talvez Astro tenha vindo à Terra só para fazer rir o espectador, mas tem todo o potencial de sair daqui como um marco na produção de ficção científica em português, com a qualidade visual e o conforto de um domingo à tarde da adolescência gen-x e millenial. Só lhe faltava mesmo ser transmitido em horário nobre.

“Astro-Mano” está disponível na RTP Play.