Os actores portugueses Pedro Carmo e José Pimentão foram os protagonistas do primeiro painel do último dia da Comic Con Portugal. Intitulada “Portugueses na Indústria”, a conversa trouxe aos visitantes um debate sobre como é vingar na profissão além-fronteiras, o que é necessário para tal e o que isso pode representar para o audiovisual em território nacional.
Se há diferenças em interpretar papéis em Portugal ou lá fora? A resposta dada tanto por Pedro Carmo como por José Pimentão é sim. Costuma-se dizer que tempo é dinheiro e no caso do entretenimento televisivo e cinematográfico não podia ser mais factual. Seja gravar a mesma cena de diversas perspectivas ou utilizar uma tela gigante com projecção realista de cenários numa série de ficção científica, (quase) tudo é pensado ao pormenor numa produção onde o budget não é uma preocupação.
Há 12 anos a viver em Nova Iorque, Pedro Carmo conta com diversas participações em séries bem conhecidas do público: “Person of Interest”, “The Blacklist” ou “Jessica Jones” são alguns dos exemplos. O seu objectivo sempre foi passar pelo território norte-americano, especificamente pela cidade que nunca dorme. O actor revela que sempre teve um grande fascínio por Nova Iorque e, como tal, desenvolver a sua profissão lá tinha de acontecer.
Contudo, aquilo que fez por volta de 2010 já não precisa de ser assim actualmente. Vingar na indústria a nível global não é sinónimo de emigrar, muito pelo contrário. «Portugal agora está no mapa. O facto de poder vir buscar actores a Portugal e não terem de sair do país para terem experiências mais globais é fantástico», afirma Pedro Carmo.
Mas o actor deixa uma advertência: «Acho que esta afirmação de Portugal neste mercado global do entretenimento só se vai verificar verdadeiramente quando certos elementos da indústria estiverem alicerçados: criar condições para defender os actores, os produtores, os técnicos, as condições de produção. Isto passa, por exemplo, por criar um sindicato que efectivamente funcione para todos os elementos da indústria e que nos defenda e nos represente.»
José Pimentão, que recentemente fez parte do elenco da série “1899” da Netflix e dos mesmos criadores de “Dark”, partilha da opinião do colega, embora a sua experiência seja muito diferente, já que nunca teve de emigrar. «É precisa uma solidez no sistema que não existe ainda, no sentido de nos proteger, de valorizar e trazer melhores oportunidades. Tem de haver políticas sólidas de valorização, de desenvolvimento», salienta o actor, que também participou em “Santiago”.
No fundo, a abertura que se sente actualmente é uma mais-valia, possibilitada em grande parte pelo surgimento das plataformas de streaming. Porém há ainda um longo caminho a desenvolver no audiovisual em Portugal e para os profissionais portugueses que o compõem, para que o potencial todo que já existe tenha mais oportunidade de vingar perante os olhos do mundo.