Estreou ontem nos cinemas o filme “Shazam! Fury of the Gods” com Zachary Levi no papel principal, mas o DCU (Universo DC) não pára por aqui. Desde que os co-directores James Gunn e Peter Safran assumiram a liderança dos estúdios DC têm ocorrido algumas mudanças no rumo que o Universo DC irá tomar nos próximos anos.
Há cerca de seis meses, James Gunn e Peter Safran assumiram a liderança dos estúdios DC na Warner Bros e chegaram desde cedo com a missão de reformular a forma como o DCU estava a ser trabalhado tanto no pequeno ecrã como nas salas de cinema. Criaram uma equipa criativa de argumentistas, cujo objectivo era planear um universo unificado, tal como se vê nos mais recentes projectos do Universo Cinemático Marvel. Dessas sessões criativas resultou “Chapter 1: God and Monsters” – uma panóplia de produções, filmes e séries de televisão, a entrar em desenvolvimento, que irão chegar aos ecrãs entre 2025 e 2027.
«Prometemos que tudo, desde o nosso primeiro projecto, irá ser unificado», são as palavras de James Gunn durante a revelação da estratégia para o universo DC, como citado pelo site Deadline.
Antes de revelarem os nomes das séries e filmes que irão construir esta realidade DC, Gunn estendeu-se um pouco mais nos detalhes que completam a sua visão e de Safran para a escolha das personagens que irão ser foco central de cada uma destas produções. «Uma das nossas estratégias é pegar em personagens de sucesso – como o Batman, o Superman ou a Wonder Woman – e utilizá-los para alavancar outras personagens que as pessoas podem não conhecer», revelou Gunn. Já Safran aproveitou para completar o pensamento do seu comparsa, referindo que o objectivo final é «trabalhar estas histórias pouco conhecidas para que se possam transformar nos sucessos de amanhã».
O Universo DC na televisão
De acordo com Gunn e Safran, o filme que irá dar início à sua visão para o Universo DC é “Superman: Legacy”. O projecto já foi anunciado e está previsto para lançamento no dia 11 de Julho de 2025 e, segundo as palavras de Safran, o filme será «realmente o início do DCU».
A partir desta produção dedicada ao homem de ferro, são vários os projectos que os co-directores contam poder lançar numa estratégia que visa durar entre 8 a 10 anos entre filmes e séries. Contando lançar dois filmes e duas séries por ano na HBO Max, estes são alguns dos títulos já disponibilizados para esse plano estratégico:
“Creature Commandos”: Uma série animada de sete episódios, da autoria de James Gunn, que já está em produção. Originalmente, conta a história de uma equipa de monstros cuja missão é lutar contra Nazis mas esta será uma visão mais moderna da história. Ainda não há actores associados ao elenco, uma vez que os executivos estão à procura de actores e actrizes que possam não só dar voz às personagens, mas também dar corpo caso haja versões destes anti-heróis em live-action.
“Waller”: Numa espécie de spin-off da série “Peacemaker”, a actriz Viola Davis regressa no papel de Waller – a supervisora de uma task force do governo com uma ambiguidade moral evidente e altamente assertiva. Jeremy Carver e Christal Henry – responsáveis por “Doom Patrol” e “Watchmen” respectivamente – estão a cargo do argumento.
“Lanterns”: A já anunciada série inspirada na personagem Green Lantern já passou por imensas reviravoltas. Desta vez, “Lanterns” vai trazer uma nova versão da história, dando espaço aos policias espaciais com uma veia de “True Detective”. Heróis conhecidos da banda desenhada de “Green Lantern” vão ter lugar na história como Hal Jordan e John Stewart e, de acordo com os co-directores, é uma das mais importantes séries em que estão a trabalhar, no que concerne ao fio condutor do universo DC.
“Paradise Lost”: A série está descrita como um drama do género “Game of Thrones” que ocorre uma ilha apenas populada por mulheres – Themyscira – que já é conhecida do público dos filmes de “Wonder Woman”. Com intriga política e jogos de poder, irá decorrer cronologicamente antes dos eventos dos filmes da mulher maravilha.
“Booster Gold”: Como o próprio título indica, esta produção vai ser dedicada ao herói Booster Gold – cuja aparição data a 1986 no Universo DC. James Gunn descreve-a como sendo a história de um falhado que vem do futuro e que usa tecnologia básica do futuro para se fazer passar por um super-herói, quase como se a síndrome de impostor fosse um herói.
Para além das séries de televisão, estão também em desenvolvimento filmes que irão fazer parte desta máquina de produção DC, como “The Authority”, “The Brave and The Bold”, “Supergirl: Women of Tomorrow” ou “Swamp Thing”.
Por detrás das cortinas do DCU
De acordo com o site The Hollywood Reporter, a equipa de argumentistas em que James Gunn e Peter Safran se apoiaram para ajudar a concretizar esta ideia fez-se de amigos e contadores de histórias que ambos admiram. Desta equipa fizeram parte nomes como Drew Goddard, responsável pelo êxito cinematográfico “The Martian”, Christina Hodson, argumentista de “The Flash”, Jeremy Slater – autor da série “Moon Knight” do Universo Cinemático Marvel -, Christal Henry e o autor Tom King, responsável por vários livros de banda desenhada de sucesso da DC.
Quem não teve presente nesta jornada de descoberta foi Marc Guggenheim, o criador de séries como “Arrow”, “The Flash” ou “Supergirl” – que constituem o que actualmente se conhece como Arrowverse, dentro da base de fãs da DC. No início do mês de Fevereiro, após declarações dos co-directores dos estúdios DC, o próprio teceu algumas declarações na sua newsletter, demonstrando o seu desagrado por não ter estado presente.
«[Não estava à espera que me oferecessem] um trabalho, quero dizer. Uma reunião. Uma conversa. [Queria apenas] um pequeno reconhecimento daquilo que tentei contribuir para a grande orquestra que é o universo da DC. Afinal de contas, só passei nove anos da minha vida a navegar nessa maré», confessou Marc Guggenheim como citado pelo site Deadline, visivelmente desagradado por não ter sido contactado pelos novos directores dos estúdios DC.
«Apesar de trabalhar para a DC ter sido enriquecedor do ponto de vista da criatividade, também envolveu sacrifícios do foro pessoal e bastante adversidade – e nada disso parece ter trazido benefícios do ponto de vista profissional», revela Guggenheim. «Se for sincero, o Arrowverse não me levou a outros projectos portanto sinto que – do ponto de vista da carreira – acabei por perder o meu tempo.»
Oficialmente, o novo Universo DC apenas irá para o ar com o filme “Superman Legacy”, onde, a partir de então, duas regras irão gerir a forma como as personagens transitam do pequeno para o grande ecrã: qualquer pessoa que faça parte do elenco de uma série de televisão irá também dar vida à mesma personagem nos filmes; e nenhum actor ou actriz irá representar dois papéis diferentes.
Até lá, os actuais filmes da DC ainda terão que estrear e Gunn e Safran prometem que há definitivamente margem para integrar as histórias de “Shazam! Fury of the Gods” (já nos cinemas) ou “The Flash” (16 de Junho) no Universo DC – que irá, segundo os directores, ser o filme que faz o derradeiro reset para a próxima versão do universo.