“The Umbrella Academy” regressa sem regras e sem os sapatos de domingo

De guarda-chuvas a pardais rumo ao fim do mundo, assim se fez a terceira temporada de uma das séries mais mirabolantes da Netflix.

ALERTA SPOILER!

QUERES CONTINUAR A LER?

SIM,
VOU COM
TUDO!

NÃO,
TENHO
MEDO

You are currently viewing “The Umbrella Academy” regressa sem regras e sem os sapatos de domingo

Desde o dia 22 de Junho que a Netflix nos deixou em mãos a terceira temporada da série “The Umbrella Academy” – um sucesso da plataforma, mais que não seja pela capacidade que a série tem de se tornar, temporada após temporada, numa bomba de “aleatoridade” em cada episódio.

Fomos deixados, na segunda temporada, num final inacabado em que as personagens que constroem a Umbrella Academy regressam àquela que pensam ser a sua casa quando se deparam com sete super-heróis a morar nela – uma tal de Sparrow Academy. É assim que se recheiam estes dez episódios novos: uma nova família, um baralhar desembaralhado de viagens no tempo e as suas consequências, e o fim do mundo.

Ao longo dos 10 episódios, para além das relações sempre evolutivas entre as personagens – novas e antigas – somos expostos a uma miríade de pequenas histórias de segundo plano que se vão desenvolvendo. Destaca-se, finalmente, o desenvolvimento da narrativa associada à personagem Klaus – que tem um pouco mais de plano para explorar a verdadeira profundidade dos seus poderes -, bem como a história de amor meio bárbaro entre Diego e Lila, que toma proporções não antes previstas. O trabalho dos actores nesta série é exímio e permite-nos vibrar enquanto eles trabalham o desenvolvimento uns dos outros, destacando a primazia de Aidan Gallagher que acaba por nos trazer sempre o melhor sénior que o corpo de uma criança podia apresentar.

O desenvolvimento das personagens é muito vincado nesta temporada, desde a forma bonita como a produção Netflix decidiu abordar a transição transgénero do actor Elliot Page, à completa mudança de 180º da amorosa Allison Hargreeves ou à jornada de Klaus. Mais do que nas temporadas anteriores, é-se investido algum tempo a criar cada vez mais profundidade a estas personagens, algumas bem conseguidas outras nem tanto.

Os episódios são repletos de uma óptima banda sonora – algo em que “The Umbrella Academy” teima sempre em concretizar muito bem – que acentuam cada cena mais dramática ou mais absurda da melhor forma.

Entre relações complicadas, outras mais triviais e argumentos principais e secundários, cada um com o seu fio condutor, “The Umbrella Academy” continua a conseguir trazer-nos uma aposta meio louca, um pouco estranha, mas que nos entretém do início ao fim – com muito ou pouco esforço. É certo que já teve momentos mais épicos e mais intensos do que esta temporada nos trouxe, mas também fica claro pelo ritmo dos episódios que o intuito não é tanto o espectáculo e sim a desconstrução.

É que numa temporada que finalmente começa a interligar os argumentos da primeira e da segunda, começam a ser inevitáveis algumas possíveis teorias sobre as razões que levaram Reginald Hargreeves, o patriarca, a ter inicialmente decidido adoptar as crianças e criar as academias (em espaços temporais diferentes, mas não nos estendamos muito que de spoilers ninguém gosta) – levando-nos a um culminar já característico das temporadas de “The Umbrella Academy” e a uma sede que fica por matar de mais episódios com mais uma história por contar. Em histórias por contar, recomenda–se também a leitura do livro português Blixtrombil Malifluous.