RTP aposta na adaptação literária com “Codex 632”. Livro de José Rodrigues dos Santos ganha vida em thriller contemporâneo

A primeira adaptação televisiva da RTP, produzida pela SPi em parceria com a Globoplay, vai contar a história criada pelo jornalista português e acrescentar temas que estão na ordem do dia.

  • Post author:Beatriz Caetano
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José Rodrigues dos Santos e Paulo Pires na Comic Con Portugal | TV CONTRALUZ

Nesta edição da Comic Con Portugal não foram só os convidados internacionais que brilharam. O painel da nova série portuguesa da RTP, “Codex 632”, chamou a atenção dos visitantes do evento ao desvendar a primeira adaptação televisiva de um livro do jornalista e autor José Rodrigues dos Santos.

A aposta do canal público português, produzida pela SPi em parceria com a plataforma de streaming brasileira Globoplay, junta drama, História e acção numa narrativa que assume como protagonista a personagem Tomás de Noronha, interpretado por Paulo Pires. Tendo como base documentos que comprovam que o percurso de Cristóvão Colombo como hoje o conhecemos poderá não ser bem assim, “Codex 632” parte numa viagem pelos Descobrimentos, mostrando todas as falhas da reconstituição que foi feita desta figura real.

«Na História há a tentativa de preencher buracos no conhecimento e, por vezes, preenche-se com alguma imaginação», salienta o autor do best-seller, referindo que sempre achou que seria difícil transformar aquilo que escreveu num produto para televisão. Contudo, dá os parabéns ao trabalho feito pelo criador da série, Pedro Lopes, e pelo realizador, Sérgio Graciano. «Num romance vive-se tudo com bastante intensidade, mas traduzir em imagens torna-se mais difícil.»

Sérgio Graciano e Pedro Lopes na Comic Con Portugal | TV CONTRALUZ

Há muito do livro “Codex 632” que quem já o leu pode esperar encontrar na adaptação da RTP. Mas poderá também contar com a adição de outros temas, tais como identidade de género, colonialismo ou a cancel culture. «Um romance e uma obra audiovisual são coisas diferentes. Queremos que a série traga as duas coisas: identificação com a história e a personagem, e trazer alguma novidade, uma linguagem diferente», explica Pedro Lopes, que tem no seu currículo a criação da primeira série portuguesa da Netflix, “Glória”.

Num enredo que envolve descobertas inéditas de um passado histórico incoerente seria expectável que a personagem principal tivesse algum tipo de conhecimento sobre este mundo e é precisamente isso que acontece. Tomás de Noronha é um professor de história, especialista em línguas antigas e criptoanalista, o que trocado por miúdos significa que é um entendido em descodificar mensagens escritas em código.

Paulo Pires, que dá vida a esta figura do universo criado por José Rodrigues dos Santos, revela que achou «belíssima a personagem» e que, lido o guião, seria difícil encarar a possibilidade de não ser ele a desempenhar o papel. Tudo correu pelo melhor e o actor pôde dar início ao seu processo de pesquisa que o relembrou dos tempos em que a irmã, também ela professora de história, estudava precisamente criptoanálise.

O streaming como catapulta

“Codex 632” parece ser ma aposta de estreias, já que se apresenta como a primeira série portuguesa co-produzida com a Globoplay, plataforma de streaming brasileira. Ricardo Pereria, director da empresa, revela em palco que a vocação natural do streamer sempre foi co-produzir com Portugal.

«O primeiro passo é habituarmo-nos a ver os nossos programas e o segundo é levarmos os nossos programas ao resto do mundo. Esta é uma história internacional, consumida e consumível em qualquer plataforma. Tenho a certeza que vai ser um sucesso na TV aberta em Portugal, no streaming no Brasil e uma carreira que vai além da nossa língua», diz o responsável.

Em entrevista ao TV Contraluz, Pedro Lopes e Sérgio Graciano aprofundam este tema, revelando que, com uma máquina desta dimensão a dar apoio, o tempo para pôr de pé uma produção aumenta substancialmente. Este factor permite que tudo o que normalmente demoraria cerca de dois meses a fazer somente em Portugal passe a ter pelo menos um ano de desenvolvimento.

Acompanha a conversa na íntegra em baixo.