“SEMPRE”: uma história de Liberdade conquistada e vivida por pessoas normais

Esta é uma série que se propõe a desfazer a ideia de que a Revolução dos Cravos foi feita apenas por heróis e militares.

  • Post author:Beatriz Caetano
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Gravações de "SEMPRE" em Lisboa | TV CONTRALUZ

“SEMPRE” não é uma série normal sobre o 25 de Abril. É uma série sobre as pessoas normais que viveram este dia. Não vai estrear já, apenas em Junho, e engloba o conjunto de projectos da RTP lançados ao longo de 2024 para assinalar os 50 anos da Revolução dos Cravos que colocou fim a quase outros tantos de ditadura em Portugal.

Manuel Pureza guia a realização, enquanto o argumento é assinado por Luís Lobão, Luís Filipe Borges e David Neto, e a produção fica a cargo da Coyote Vadio. Tudo começou com uma ideia há muito na mente do realizador responsável por outros trabalhos como “Até que a Vida nos Separe” e “Pôr do Sol”. Era um sonho fazer uma série focada «na data mais importante do nosso país». Como tal, Manuel Pureza pegou no telemóvel e ligou àquela que era a sua dream team para esta proposta.

Luís Filipe Borges ficou «eufórico» com o convite e o passo seguinte foi uma semana no Alentejo para dar corpo e forma à ideia. O resultado são seis episódios antológicos, mas que completam um puzzle: «Há uma personagem que é secundária num episódio e de repente é protagonista noutro, porque estão todos ligados por esta teia geográfica e cronológica de todos estarem a viver os grandes acontecimentos do 25 de Abril», explica à imprensa, nas gravações de “SEMPRE”.

A história torna-se assim várias narrativas que culminam todas no Largo do Carmo, em Lisboa. Originalmente pensada com o nome “10 Milhões de Pessoas”, a série toma como fio condutor os intervenientes comuns de quem nunca ninguém ouviu falar, mas que estiveram lá no momento em que a liberdade ganhou de novo fôlego e em todos os outros anteriores necessários para chegar a este desfecho.

«Temos a ideia de que o 25 de Abril foi feito por heróis e militares», sublinha Manuel Pureza. O objectivo é «fazer perceber que isto foi muito mais próximo das pessoas» do que se pensa. Por isso, embora muitas das histórias que os espectadores poderão ver sejam totalmente ficcionadas, outras tantas são inspiradas em conversas e relatos de quem acompanhou o regime opressivo e o dia da libertação de perto. «Eram de tal maneira elaborados e assustadores que deram vontade de ir acrescentando» ao que já estava planeado.

Quem são as caras de “SEMPRE”?

Embora todos os episódios sejam independentes entre si, com diferentes personagens e storylines, há uma que percorre todos os capítulos. Trata-se do jovem Manuel, um jornalista que sonha em noticiar o Dia da Liberdade e que vai percorrendo as ruas entrevistando diferentes pessoas. Ao mesmo tempo que relata o que vê, conta também o que vai dentro dele, revela o actor Rui Pedro Silva.

Outros jovens da altura que surgem são ainda Juliana (Joana Borja), Teotónio (David Esteves) e Rodolfo (João Arrais) – estudantes que começam por vingar a morte de Ribeiro Santos, assassinado por um agente da PIDE. Este episódio em específico inicia-se assim em 1972 e segue o seu caminho até 1974, mostrando o movimento estudantil que à época se batia com o regime.

Rita Rocha Silva, por sua vez, dá vida a São José, uma mulher que desafia as normas com a sua liberdade pessoal a todos os níveis. «Revolucionária e activista, tem uma arma. Não tem medo de combater», explica a actriz. A seu lado encontra-se César (Diogo Martins), um cantor a viver em Paris, que regressa a Portugal para desempenhar o seu papel na luta. É a representação desta classe e de como as músicas foram fulcrais no derrubar do Estado Novo.

A Igreja não fica de fora de “SEMPRE”, tendo em conta que Portugal «era um país profundamente católico a nível político», salienta João Vicente, o actor que dá vida a um padre em contradição e «com a convicção que as coisas não estão bem e que é preciso mudar». Este clérigo apresenta-se como um porto seguro para os dissidentes, incluindo a sua cunhada grávida (Gabriela Barros), apoiante do Partido, torturada pela polícia política.

E todas estas linhas de um novelo intrincado conectam-se ainda através da banda sonora, assegurada por Fred Menos, Joana Lobo, Nuno Sanches, João Fragoso, João Neves e Pedro Mendonça. Juntos desenvolveram um tema que percorre toda a série e que se afirma como o genérico. Intitulada “SEMPRE”, encontra nas canções de Abril a inspiração para transmitir aos espectadores o sentimento de «sair das trincheiras» e a dualidade do mundo: «sermos tolerantes, mas o mundo empurra-nos para outro lado», deixa antever Fred Mendes.

Gravações da série da rtp "SEMPRE" em Lisboa sobre o 25 de abril
Gravações da série da rtp "SEMPRE" em Lisboa sobre o 25 de abril
Gravações da série da rtp "SEMPRE" em Lisboa sobre o 25 de abril
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