Depois de “A Espia” chega “Espias”, uma história de espionagem no feminino durante os anos 40 em Portugal

Embora Portugal não tenha participado na 2ª Guerra Mundial, o país foi palco de redes de espionagem, essenciais para o desfecho do conflito. A nova série da RTP conta essa história da perspectiva de seis mulheres.

  • Post author:Beatriz Caetano
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"Espias" | UKBAR FILMES

Passados cinco anos da estreia de “A Espia” – uma das maiores produções ficcionais portuguesas -, o universo da espionagem em Portugal durante a 2ª Guerra Mundial está de volta aos pequenos ecrãs com “Espias”. Inserida no mesmo universo que a sua predecessora, esta série traz para a frente de cena seis mulheres que tomam as rédeas da narrativa e dos acontecimentos, determinantes para o desfecho do maior conflito armado europeu do século XX.

Estamos em 1942. Quando Portugal parece ser um oásis no Atlântico, os seus casinos e esconderijos tornam-se o principal palco de uma rede de espionagem. Salazar continua a enriquecer os cofres do Estado, vendendo volfrâmio aos dois lados do conflito e a preços cada vez mais elevados. Pressionado por ambos, tenta não ceder, até perceber para que lado vai pender a guerra. Mas, em Junho, o bacalhoeiro Maria da Glória é afundado por um U-94. A maioria da tripulação não sobrevive, levando as elites, a imprensa e a própria polícia política portuguesa a pressionar Salazar, aproximando-se dos Aliados.

Os serviços secretos ingleses procuram soluções para a crescente falta de recursos e de sucesso na obtenção de informações confidenciais. Para isso, angariam agentes fora dos meios militares, como o escritor Graham Greene e outros artistas, que encontram formas muito mais criativas de enganar os agentes inimigos.

Quem são as espias?

Protagonizada por Madalena Almeida, “Espias” conta com o regresso de Maria João Bastos ao papel de Rose Lawson, personagem que tinha acabado baleada em “A Espia” por Maria João Mascarenhas (Daniela Ruah). E como a primeira regra da ficção é “Se não há corpo, não está comprovada a morte”, Rose está de volta, agora à cidade de Figueira da Foz, para continuar a sua missão. Desta vez terá como nova recruta a jovem Bárbara de Jesus, uma alma livre e destemida, que já fazia parte dos meandros da guerra antes de conhecer Rose. Porém, a partir daqui tudo muda na sua vida.

Avisamos já que Daniela Ruah faz uma perninha nesta história, mas o foco passa para outras figuras: Lúcia Moniz e a sua Martha Brenner voltam e surgem também Gabriela Barros como Ema Delmont – inspirada no real Juan Pujol García, também conhecido por Agente Garbo/Alaric, Ana Vilela da Costa como Miss Olivia Black e Kelly Bailey como Carol Watson.

Nesta história de homens contada pela acção das mulheres, cada uma tem traços de espiões verdadeiros, que adensam a intriga. Para dar vida a este mundo – igual, mas diferente do d’”A Espia”, Pandora da Cunha Telles, criadora de ambas as séries, revela ao TV Contraluz que foi preciso «dar-lhe muito mais cor, ser mais rigoroso com os figurinos, tirar os saltos altos às mulheres e dar-lhes mais golas altas e calças».

Assim, as cenas dividem-se entre a modernista e sombria Lisboa e a luminosa e glamorosa Figueira da Foz, como se houvesse uma auto-estrada entre as cidades pela qual as espias viajam nas suas missões. À moda das séries americanas, a produção fez uso de edifícios icónicos, como a Casa da Moeda, e transformou-os noutras fachadas emblemáticas, como a Marconi (Companhia Portuguesa Rádio Marconi).

«Tentámos devolver através dos efeitos digitais tudo o que não existe actualmente, como os submarinos no Tejo e os aviões a voar rente. Nesse aspecto, ‘Espias’ tem um production value muito superior a ‘A Espia’.» É também por isso que a série foi seleccionada para o Berlinale Series Market Selects 2025, em Fevereiro, e que a TrueColors, uma das principais distribuidoras internacionais, está neste momento a vender esta produção nacional. O primeiro lançamento além-fronteiras de “Espias” será em Roma.

imagem promocional da série espias da rtp
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«Quisémos que as mulheres controlassem a acção e, por isso, os homens sofrem mais de amores por elas»

Com novas espias há também novas caras masculinas. José Pimentão (Joseph Kuhn), André Leitão (Américo Nogueira), Romeu Runa (Walter Friedmann), Cristóvão Campos (Hans), Pedro Carmo (Francis Williams), Pedro Granger (Wolf) e Eduardo Breda (Agente Simões) são alguns dos actores que se juntam ao elenco. Do lado certo ou errado da História, todos se vão cruzar com as protagonistas, seja para se apresentarem como um obstáculo à sua missão, para as ajudarem ou apaixonarem-se por elas.

«Quisémos que as mulheres controlassem a acção e, por isso, os homens sofrem mais de amores por elas», diz Pandora da Cunha Telles. Os papéis são, desta forma, invertidos, numa série que já desafia a convenção para o género e que mostra como, potencialmente, o lado feminino teve um papel preponderante na espionagem portuguesa e, em última instância, mundial.

Mas outros há que migram d’”A Espia” para “Espias”, como é o caso de João Pedro Mamede regressa como Agente Samuel, e de Adriano Carvalho e Luís Filipe Eusébio, que voltam a dar vida a Wilhelm Larenz e ao Agente Paulo Santos, respectivamente. Em extremos totalmente opostos na história original, o caminho de ambos vai interlaçar-se e uma coisa é certa: Wilhelm Larenz fará de tudo para alcançar aquilo que pretende, mesmo que tenha de se aproveitar de um secreto ponto de fraco de um agente da polícia política para o conseguir.

“Espias” é uma produção Ukbar Filmes, em colaboração com a RTP e a Krakow Film Klaster. Criada por Pandora da Cunha Telles , que assina também o argumento ao lado de Cláudia Clemente, Mário Cunha e Raquel Palermo, a série tem como realizadores João Maia e Laura Seixas. Os episódios podem ser vistos semanalmente na RTP1, às 21h.