Apenas 1% dos actores muçulmanos tem papéis relevantes na TV de Hollywood. Malala quer ajudar a mudar essa realidade

A jovem activista baleada em 2012 pelos Talibã tem hoje em mãos uma parceria com a Apple TV+ para desenvolver produções televisivas onde a diversidade e a representatividade não ficam de fora.

  • Post author:Beatriz Caetano
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Malala Yousafzai | WIKIMEDIA COMMONS

Cerca de um quarto da população mundial é muçulmana. Contudo, apenas 1% dos actores muçulmanos desempenham papéis principais na televisão de Hollywood. Esta é uma afirmação da activista paquistanesa Malala Yousafzai, distinguida com o Nobel da Paz em 2014 pelo seu trabalho na defesa e consciencialização dos direitos humanos e das mulheres.

A jovem que em 2012 foi baleada na cara pelos Talibã devido ao activismo levado a cabo pelo seu pai tem hoje em mãos uma parceria com a Apple TV+ para desenvolver produções televisivas onde a diversidade e a representatividade não ficam de fora.

«Sei que há executivos que descartaram dezenas de projectos incríveis, cheios de qualidade e de igualdade, porque pensam que as personagens ou os seus criadores são demasiado novos, demasiado castanhos, demasiado estrangeiros, demasiado pobres. Às vezes parece que estão a dizer que não pertencemos aqui», diz Malala, citada pela Variety.

Entre os projectos desta parceria já em desenvolvimento encontram-se um documentário sobre a sociedade matriarcal de mulheres pescadoras Haenyeo, da Coreia do Sul; uma série ficcional baseada no livro “Fifty Words for Rain”, de Asha Lemmie, sobre uma mulher que procura a aceitação no Japão pós-Segunda Guerra Mundial; e um filme com o realizador de “Don’t Look Up”, AdamMcKay, adaptado do livro de Elaine Hsieh Chou, “Disorientation” – uma sátira sobre a dissertação de uma estudante universitária sobre um poeta chinês.

Netflix cancela série protagonizada por actor muçulmano

“Grendel” é o nome da série que teria o primeiro actor muçulmano no papel principal de uma adaptação de banda-desenhada. Abubakr Ali daria vida no ecrã a Hunter Rose, um esgrimista talentoso, escritor e assassino que procura vingar a morte de um antigo amor.

Abubakr Ali | ERIC CHARBONNEAU

A série, que tem oito episódios gravados, mas sem pós-produção, acabou por ser cancelada pela Netflix, revela o Deadline. Numa publicação a sua página de Instagram, Abubakr Ali, repete as palavras de Malala: «Embora representem 25% da população do mundo, só 1% dos actores muçulmanos têm papéis com falas na televisão».

O protagonista escreve ainda que estava muito entusiasmado pelo que este papel significaria para a sua comunidade. «Nunca pensei que esta área permitisse que alguém como eu interpretasse um papel assim, onde uma pessoa árabe pode existir na zona cinzenta entre o bem e o mal. Um papel onde um árabe não sente a necessidade de ‘ser simpático’, de garantir que todos à sua volta sabem que ele não é ‘um dos maus’. Onde um árabe pode experienciar a raiva, a vingança, sem dar provas à audiência da sua humanidade.»

Baseada na banda-desenhada da Dark Horse com o mesmo nome, “Grendel” acompanha Hunter Rose na sua guerra contra os criminosos de Nova Iorque e na sua conclusão de que… porquê vencê-los quando se pode juntar a eles? No elenco constavam ainda Jaime Ray Newman, Julian Black Antelope, Madeline Zima, Kevin Corrigan, Emma Ho, Erik Palladino, Brittany Allen e Andy Mientus.