“Damsel” é muito provavelmente o filme que coloca o nome de Juan Carlos Fresnadillo nas bocas do mundo, mas o realizador espanhol já faz parte destas andanças da indústria audiovisual há mais de três décadas. Natural das Ilhas Canárias, longe do território peninsular, o cineasta olha para a sua carreira internacional como algo natural, presente no seu ADN. Afinal, desde cedo sonhou viajar e ir até onde as melhores histórias estavam.
Navegando entre os géneros da fantasia, da ficção científica e da distopia, Juan Carlos Fresnadillo assume-se como alguém que gosta de fazer parte de todo o processo criativo de uma produção, começando pelo guião. «O guião permite imaginar. Gosto de arrancar com isso», diz o profissional na edição de 2024 da Comic Con Portugal, acrescentando que tão importante como esse conjunto de folhas é a equipa técnica e criativa que o acompanhará durante a rodagem.
No leque de filmes que o realizador já assinou constam também um par de séries, desenvolvidas durante o período de cinco anos que passou nos Estados Unidos da América, exclusivamente dedicado a esta área. “Falling Water” e “Salvation” inserem-se na temática da ficção científica e Juan Carlos Fresnadillo esteve ao leme da realização de ambos os primeiros episódios.
«É nos primeiros episódios que estão as regras visuais e narrativas de toda a série. De alguma forma, o piloto define qual será o universo visual, de personagens e de história que teremos. Creio que o lugar mais criativo para trabalhar uma série é realizar e produzir o primeiro episódio.»
Sem um timing concreto para voltar ao mundo televisivo, o convidado da 9ª edição do evento de cultura pop diz-nos que eventualmente gostaria de pegar uma vez mais neste tipo de produção, mas enquanto showrunner, já que é a pessoa encarregada de criar o estilo da série e aquela que controla a criatividade. Com os dois pés dentro da Netflix, Juan Carlos Fresnadillo não descarta que essa será uma hipótese viável de trabalho e salienta como a chegada das plataformas de streaming a países como Espanha permitiram a democratização da produção audiovisual.
«Em paralelo, é importante continuar a cuidar da sala de cinema. Eu cresci aí. Toda a cinematografia que consumi foi numa sala de cinema.»